sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fé - Um carnaval de manipulação
Por: Jayme Lielson de Vasconcelos Salgues


Fé – um carnaval de manipulação

Cada pessoa vive suas próprias fantasias. E nada interfere na realidade que cada um queira viver, construindo seus próprios “monstros aterradores” ou seus “ídolos salvadores”, tratando seus umbigos como centros do mundo.

E, você poderia se perguntar: Que mundinho pequeno, é esse que se resume aos problemas pessoais e que não enxerga a complexidade da espécie humana? Respondo. É o mesmo que é violento, desigual, que inflige dor e solidão. Mundo criador de misantropos, de desconfiados, de desconhecedores da magnífica solidariedade que iguala e dá esperança. A cada pessoa que morre, por mais pobre que fique ou se sinta o mundinho, em nada interfere na existência pacífica ou atribulada dos viventes no Himalaia, ou em Sergipe, pra não ir muito longe.

É necessária uma consciência de finitude, um discurso que fale e admoeste, cada vez mais, a fragilidade da vida arrogante de cada pessoa. As decisões só são construtivistas, quando precisam, sentem a necessidade de serem tomadas com o ideal de comunidade, devidamente instalado no consciente coletivo.

Por isso, esse último meio século tem sido tão formidável. São 50 anos de uma revolução tecnológica surpreendente. TV em cores, quando a imagem P&B AINDA era um mero sonho; Telefonia celular digital, nos últimos 20 anos; Internet globalizando; Turbinas a jato em imensos boeing, num trajeto temporal em menos de 100 anos; O conforto da simplicidade das lâminas de barbear; Todos os descartáveis; Os sotaques se interagindo e tantas coisas que enlouquecem o imaginário, pela pujança de crescimento de informações da humanidade, somente igualada em importância ao século de explosão das navegações marítimas.

E, nossa! Nunca também se falou tanto de Deus.

Foram precisos 2.000 anos para se perceber, que tem muitas pessoas vivendo as “boas novas” dos ideais de Deus, através dos pactos e alianças firmadas e acreditadas pela humanidade monoteísta.

O cristianismo continua sendo objeto de lutas.

Algumas, muito desiguais.

O que atrapalha a fraternidade universal é a teocracia impregnada por uma clerocracia ávida e irresponsável, anunciando o que não existe e tornando quase real a idéia de que as desgraças das pessoas são fruto de uma essência danosa e de uma visão distorcida de pecado.

Essa má difusão, da gestão do Theo, do Deus, cresce surpreendentemente e conduz verdadeiras massas, a soluções “práticas” e absolutamente sincréticas, com nomes até engraçados e encenados em forma de pantomimas e “mise-en-scène”.

Escancaradamente, os canais de televisão se expõem (agora em todos os horários) com endereços para soluções fáceis, numa misantropia que cria dependência psíquica aos desvalidos da sorte.

Nomes estapafúrdios. Tem rosa de sarom, correntes de trezentos e tantos; Corredores com 70 porteiros eclesiais; Tocar na franja de tal cor, e ingerir uma água de um rio, infecto. Tem óleo prometido como importado, azeite que dispensa traumatologistas da alma. Por última, ouvi uma “solução” que seria engraçada se não fosse dramática: “Venha pegar no cajado, de não sei quem” e obtenha o remédio para todos os males, anunciam.

Com isso, está se prestando um desserviço para organização das informações globalizadas e aculturando o que deveria ser impulsionado.

A FÉ deveria ser tratada como único foco para se elidir fantasias simbólicas e materializar curas.

Transformações milagrosas de caráter, correção de desmandos financeiros e reorientação de vida, eu também quero. É tudo, profundamente lamentável.

Enquanto se faz transplante de fígado inter vivos em Recife, no mesmo bairro se assistem tantas pessoas, aos milhares, tornarem-se escravas de uma simbologia barata daquilo que deveria ser FÉ.

Um carnaval de manipulação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário