sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Desculpe. Não pretendi.
Por: Jayme Lielson de Vasconcelos Salgues


Desculpe. Não pretendi.

Nos relacionamentos tem uns desencontros danados. Palavras e gestos abrem feridas, incendiando dores e traumas, que se não corrigidas em tempo, transformam-se em chagas, que doem por toda vida. É assim nas relações. No trabalho, na família, e com as mais diversas pessoas, tipos e situações.

Acontece com todo mundo, comigo e com você. Porque pode acontecer com qualquer um. Tanto com o algoz a serviço da mágoa. Quanto, com a vítima, a serviço da dor. Ambos, personagens do dissabor, apenas se distanciam, e não contribuem com o amor.

Porque para se constranger alguém, não precisa de um talento especial. Basta ser humano. Um humor mal colocado, uma palavra má, e uma inadequada recepção. Pronto. E, o que poderia ser até engraçado, torna-se um desastre, fere, desarmoniza, ofende, adoece.

A ofensa, mesmo quando não foi desferida, encontra acolhimento num coração que a construa. Daí, em diante, tudo desanda. Um “não tem de quê”, some e surge uma cólera ensandecida, que cega e ensurdece os clamores do discernimento. Pequenas palavras, como que por um maldito encanto, erguem imensos gigantes que infeccionam nossos corações.

Nossas mentes geralmente adoecem se defendendo dum nada, construindo muros de distâncias. Todos já vimos isso. E, como se faz? Como será? Por que isso acontece? E quando não sabemos se dissemos algo impróprio? Bem. Todos já ouvimos algo desagradável. Afinal, vivemos em grupo e já experimentamos “línguas envenenadas”.
E, também já açoitamos pessoas, sob a égide da desculpa, do veneno da tal franqueza. Os “francos” batem no peito exclamando “falei mesmo, sou autêntico, sou autêntica”. Parabéns, e daí? O que ganhou? Deveríamos imitar Aquele que disse “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”, como descreve o Evangelista Mateus, cap. 11, versos 28 a 30. Muitas vezes, mesmo quando a consciência nos sinaliza a necessidade de reparar uma possível pequena falta, não o fazemos, apenas por julgarmos, ser tão pequena, que nem ligamos.

Esquecemos que tudo que é grande, um dia nasceu do nada. Por isso, é desde cedo que se corrige o pequeno limoeiro que enverga. A escora, o reparo são como o pedido de perdão, um remédio para a mágoa tola que se instala. A humildade é a profilaxia contra a arrogância, o antídoto pra loucura. Ao dispersarmos o orgulho, evitamos a calamidade, encontramos o caminho do pedido de perdão.

A vida que sempre nos surpreende, deve ser surpreendida, assustada, por movimentos generosos de amor. Deixar para amanhã o que deve e pode ser feito ainda hoje, é de uma tolice sem limites.

Afinal de contas, a morte é quem surpreende a vida. E nunca o contrário.

Declarações de afeto devem ser feitas hoje, agora, pessoalmente, por telefone, por escrito, de qualquer jeito, não importa. Mas, sempre imitando o Mestre.

Sempre é muito tempo. Ontem, já faz é tempo. Amanhã ta muito longe. Faça do hoje um dia diferente. Não se permita como eu e muitas outras pessoas tolas já fizemos e algumas que ainda fazem, não se arrependendo em tempo de pedirem perdão.

Sempre há com quem se reconciliar. Dizer a palavra DESCULPE, é assinalar NÃO PRETENDI lhe magoar. Ainda continua sendo aquela palavrinha mágica que nossos pais nos ensinaram um dia, junto com “por favor” e “muito obrigado”.

As coisas simples e bonitas são fáceis como a infância, com disputas, mas sem brigas. Não é vergonhoso. Além do que você não é nem nunca será uma perfeição imaculada.

O Ser Perfeito, o Único que esteve nesta terra, não teve este tipo de temor e disse:
“Amai-vos, uns aos outros, como eu vos amei”

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